Os donos da grande mídia no Brasil adoram montar seminários para dizer que a liberdade de imprensa está ameçada no país. Seus argumentos são ridídulos e nem mesmo eles acreditam nisso, tanto que ousam as maiores irresponsabilidades com a certeza de que nada lhes acontecerá. Jornalistas estrangeiros, que trabalham em veículos respeitáveis, afirmam que o Brasil desfruta de uma liberdade de imprensa difícil de ver em outros lugares.
Se alguém acredita no apreço que esse grupo tem pela liberdade de imprensa ,veja o que acontece agora, quando a revista Carta Capital é intimada por ofício da procuradora eleitoral Sandra Cureau a apresentar a relação da publicidade e dos valores recebidos do governo federal em 2009 e 2010. Ninguém deu um pio. Pior ainda, nem uma linha. O assunto só circulou na blogosfera, já que a grande mídia tenta aparentar que Carta Capital não existe.
Se tal medida fosse tomada em relação à Veja ou Folha de S.Paulo, por exemplo, todos os jornais estariam escrevendo editoriais, o instituto Millenium já teria convocado o Reinaldo Azevedo e o Jabor para bradarem contra censura e o totalitarismo no país e a Sociedade Interamericana de Imprensa alardearia o fato além das nossas fronteiras.
É claro que dessa turma não podemos esperar nada. Mas temos que exigir que a sociedade e principalmente os órgãos de classe se manifestem. Cadê a Associação Brasileira de Imprensa? Onde estão os sindicatos de jornalistas? A Ordem dos Advogados do Brasil? É preciso denunciar a tentativa de censura que fazem a um veículo da imprensa brasileira que ousa desafiar a voz comum e pratica um jornalismo de personalidade e qualidade únicos.
Disse mais cedo: quem cria um estado de intimidação e vassalagem no Brasil não é o Estado, mas o statablishment, o poder empresarial.
Mino Carta, diretor de redação da Carta Capital, não pode ficar se defendendo sozinho, embora tenha talento bastante para isso, como ao responder a Bob Fernandes, do Terra Magazine, sobre a intenção do ofício da dra. Cureau. “A senhora Cureau entende que nós somos comprados pelo governo federal, via publicidade. Se ela se dedicasse, ou se dedicar, porém, à mesma investigação junto às demais editoras de jornais, revista, e outros órgãos da mídia verificaria, verificará, talvez com alguma surpresa, que todos eles têm publicidade de instituições do governo em quantidade muito maior e com valor maior do que Carta Capital.”
E ainda completou: “Aliás, me ocorre recordar que durante o governo tucano de Fernando Henrique Cardoso, dito FHC, fomos literalmente perseguidos pela absoluta ausência de publicidade do governo federal. E a pergunta que faço é a seguinte: então, alguém, inclusive na mídia, se incomodou com isso? Ninguém considerou esse fato estranho? Uma revista de alcance nacional não receber publicidade alguma enquanto todas as demais recebiam?”
A indagação de Mino Carta é óbvia. Se hoje a grande mídia busca silenciar Carta Capital, no governo dos tucanos ela tinha o apoio do governo para isso. Não só silenciá-la, mas se possível asfixiá-la economicamente até a morte.
Mas enganam-se. Em pouco tempo, se houver uma ação aguda de um governo comprometido com a liberdade de informação, e a internet chegar à toda a população, eles estarão reduzidos ao monopólio do…. nada…
Escrevam o que digo, vamos enfrentar uma batalha pesadíssima no Congresso para abrir a internet a todos os brasileiros. Os “donos” da informação farão de tudo – como vocês já viram que eles são capazes – para, em nome de sua arrogância empresarial, continuarem negando ao povo brasileiro o direito de saber a verdade.
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