Nesse caso da USP, o que me deixa indignado é a parcialidade e a leviandade com que a velha mídia trata o assunto, especialmente a rede globo. Se há atos reprováveis do lado dos estudantes, tb há ações reprováveis por parte dos dirigentes da instituição e da PM que não está preparada para trabalhar em uma comunidade universitária, contudo, "o outro lado" não é colocado em discussão. A velha mídia, como sempre, já escolheu os "mocinhos" (a PM) e os vilões (os estudantes) e quem quiser fugir desse maniqueísmo e problematizar o tema será ignorado ou taxado de defensor da "anarquia" e da "desordem".
A velha mídia manipuladora não quer saber ou não quer que a sociedades saiba, por exemplo, que há vários depoimentos de pessoas que estiveram na ocupação (sem participar do mesmo) que afirmam que não havia qualquer sinal de depredação até as primeiras horas da noite, que não havia ninguém que se propunha a fabricar os "coquetéis molotov" apresentados pela PM (cujo conteúdo líquido era composto por bebidas alcoólicas (fácil forjar?).
Parafraseando o mestre Manoel Galdino, "O que é mais crível: acreditar que estudantes da USP estão fazendo coquetéis molotov, ou que a polícia pegou as bebidas que tinham lá e plantou as provas"?
A mesma imprensa que divulga com loas o cinismo do governador paulista sugerindo uma "aula de democracia para os estudantes", nega-se a informar que o próprio Rodas, atual Reitor, não foi o escolhido pela comunidade acadêmica, ele participou do processo que em si não tem nada de democrático, mas, a exemplo do seu antecessor, não foi o mais votado,mesmo assim o ex governador tucano Goldman o nomeou. Então, é o governo paulista (hegemonizado pela PSDB/DEM e PPS) e as instituições da USP que não são democráticas, antes de mais nada e acima de tudo.
Essas são apenas algumas informações e pontos de vista que a sociedade não tomará conhecimento através da velha mídia. O direito humano à informação está interditado, ironicamente, pelas empresas detentoras de concessões públicas que vivem a se auto- proclamar "guardiãs da liberdade e defensoras da democracia".
E com relação às dezenas de pessoas, especialmente, do mundo político que são satirizadas e ou "denunciadas" todos os dias sem qualquer prova consistente ou indício claro, no caso de inocência comprovada, como é que fica o órgão da imprensa e o jornalista que denunciou?
Afinal, eu me pergunto: se um médico cometer uma "barbeiragem cirúrgica" e me causar um dano permanente, a lei não determina que além de indenização por parte do hospital, o médico, dependendo da situação, perca o direito de clinicar? Então, por que um jornalista que me exponha publicamente a uma situação vexatória, causando propositalmente a mim e aos meus, danos morais, econômicos e emocionais permanentes, não poderia também ele ser condenado a não mais exercer a profissão?
Essas questões que levanto são para que não nos furtemos de fazer um debate que, na minha ótica, está entravado, sobretudo pela covardia política, cabendo à sociedade civil travá-lo já que o mesmo é fundamental para o avanço da nossa ainda insipiente democracia que como constatamos, está em constante ataque.
"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma."
Joseph Pulitzer (1847-1911)
Wanderson Mendes
Wanderson Mendes
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