- Diário de Natal - Soubemos, através de uma fonte da Secretaria Estadual de Saúde, de uma discussão acirrada que o senhor teve com o secretário Adelmaro. Como isso aconteceu?
- Fernando Mineiro
É verdade. Foi na sexta-feira à noite. Não foi uma reunião do PT, mas estávamos reunidos em torno de 10 pessoas, entre elas o Geraldo (Pinto), a Vilma (Aparecida), algumas pessoas da saúde e ele. Na sexta, tinha saído a nomeação do George Antunes para adjunto. Nessa reunião, o Adelmaro nos falou que soube da nomeação na quinta-feira às 10 horas da noite e que tinha sido feita pela governadora. Eu achei estranho esse fato, perguntei se as outras pessoas acreditavam porque eu não acreditava. Nós tivemos uma discussão muito dura sobre o andamento da Secretaria de Saúde. Eu falei que concordava com o Geraldo de que a crise da saúde é mais estrutural. Mas falei também que concordava com o Júnior (Francisco) que faltava decisão, um norte e disse que discordava do modo como se dava o enfrentamento da alta complexidade em Natal, fazendo referência às cooperativas médicas.
- E aí ele não gostou...
- É. A discussão foi exatamente isso. Todos sabem que eu sempre ouvi os representantes de sindicato falarem que Adelmaro falava uma coisa e não cumpria, depois mudava. Ele sempre teve uma relação muito dúbia. Estão aí os motivos da nossa discussão. No dia seguinte, no jornal, fica evidenciado quando o chefe de gabinete (Wober Júnior) fala que foi feito tudo em comum acordo com ele. Foi por isso que nós antecipamos a reunião de amanhã (hoje) para segunda-feira. Ontem (terça), a governadora confirmou que ao cobrar do Adelmaro uma solução para a crise, ele falou que tentava mas que setores do PT atrapalhavam. É isso que explica a permanência dele no governo.
- Adelmaro mentiu para vocês?- No mínimo.
- O senhor acha que existe clima para ele continuar no PT?
- Ele se afastou. - Mas não se desligou
.- A partir do afastamento, ele não tem nenhum dever e nenhum direito no partido.
- Mas é só enquanto ele estiver na secretaria. E depois?- Depois é depois.
- Como era sua relação com Adelmaro e como fica hoje?- O nosso relacionamento é o mesmo.
- O PT não estava maduro para assumir essa responsabilidade?
- Eu acho que tem as dificuldades da saúde, tem as dificuldades do próprio partido e tem as próprias dubiedades da pessoa à frente da gestão. Mas nós fomos muito solidários e sempre fizemos a defesa dele.
- O senhor acredita que o PT tomou a decisão certa ao entregar a secretaria?
- Sim. Porque acima de qualquer um de nós está a instituição PT. Nós não podemos aceitar essa fritura do partido. Não aceitamos a lógica passada de que tem dinheiro e o PT não estava sabendo gerir.
- Apesar de o PT ser da base, o senhor sempre critica quando acha necessário. Como fica sua relação com o governo?
- Não vai ter nenhuma alteração. O nosso partido é aliado da governadora e como aliado temos a obrigação de defender as posições do governo. No entanto, é mais obrigação ainda criticar o governo quando vê erros. Eu nunca fiz críticas sem comunicar primeiro ao governo.
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