06/01/2009

Relatos do genocídio israelense em Gaza




""Eu estava dormindo com minhas irmãs quando de repente acordei", conta Reem Baloosha, de 13 anos, descrevendo a noite do último domingo, quando suas cinco irmãs foram mortas por um ataque aéreo israelense.“Eu me vi sob escombros, as pedras me pressionando. Olhei em volta e minha irmã também estava sob os escombros, ela estava morta”.Eu visitei a família de Reem no campo de refugiados de Jabaliya, ao norte da Faixa de Gaza. A casa onde eles viviam se tornou uma pilha de escombros. Não havia nada além de poeira e pedras misturadas com algumas roupas de meninas e livros escolares.Não sobraram para os pais nem mesmo fotografias das filhas mortas, todas elas foram perdidas em meio aos escombros.O pai delas, Anwar, estava sentado velando as meninas. A mãe delas estava em estado de choque, quase sem consciência.

Eles pareciam muito chocados até mesmo para chorar.“Se elas estivessem construindo foguetes (para atacar Israel), eu não estaria tão triste assim, mas elas estavam esperando pela volta da luz elétrica para estudar para os exames. Eu tenho oito filhas, cinco delas foram mortas”, diz Anwar Baloosha.Janelas quebradasPessoas no hospital Shifa, na Cidade de Gaza, sentiam o mesmo sofrimento.Há muitos jovens feridos nos ataques, pessoas que perderam partes de seus braços ou pernas ou que estão ligadas a tubos de soro, mas que não podem ser removidas para unidades de tratamento intensivo.

Centenas de pessoas chegam ao local para visitar seus parentes. Algumas passam a noite no hospital, dormindo no chão, em cadeiras, ou simplesmente ficando sem dormir. Se você olhar em seus olhos, perceberá que alguns não dormem há dias.Na noite de segunda-feira, fazia bastante frio e uma chuva forte caía sobre a Cidade de Gaza. Algumas das janelas do hospital estavam danificadas e haviam sido cobertas com plástico, folhas ou estavam simplesmente abertas.Não havia aquecimento. A equipe do hospital apenas cobria os pacientes com folhas e cobertores.Eu também estive na parte oeste da cidade.

Havia uma grande fila fora de uma padaria. Crianças, homens e mulheres estavam esperando por pão.Alguma ajuda humanitária chegou à região, mas muitas pessoas não têm farinha ou gás de cozinha para poder fazer pães em casa.Hossein Saad, de 56 anos, conta que há alguns anos ele costumava trabalhar em Israel, mas que agora não tem emprego para sustentar as 13 pessoas de sua casa.“Eu não tenho farinha ou gás, eu não tenho nada em casa”, conta.“Antes que você pergunte sobre o que há para comprar em Gaza, pergunte se as pessoas têm dinheiro ou não para comprar alguma coisa”, diz Saad.

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